Os acidentes da navegação e seus desdobramentos investigativos permitem observar diversas percepções de risco distintas de atores do Poder Público e da Sociedade Civil. o Acidente com a embarcação CAVALO MARINHO I, que fazia a travessia entre Mar Grande, na Ilha de Itaparica, e Salvador (BA), ocorrido em 24AGO2017, oferece um conjunto valioso de lições aprendidas, dentre as quais podemos citar a nota [i] da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (ASTRAMAB) que informou que “Com mais de 50 anos de operação, a travessia Salvador-Mar Grande nunca tinha registrado um acidente com vítima fatal, o que demonstra a segurança do serviço”. Ora, a não ocorrência de acidentes não é uma demonstração de segurança; podendo ser resultado, tão somente, de que fatores de riscos não identificados não haviam se manifestado, apesar de sempre existirem. O fato é que nesses 50 anos os ambientes político, legal, operacional mudaram e a gestão de riscos deve acompanhar essas mudanças pois é dinâmica. Assim, nesse período, percebeu-se ocorrência de mudanças climáticas; as normas de segurança evoluíram; aquaviários saíram do mercado, outros ingressaram e outros não se atualizaram; embarcações deixaram de operar e outras entraram em operação etc. Enfim, todas essas mudanças promovem alterações dos fatores de risco e afetam diretamente a segurança operacional. Por isso, é preciso manter-se, diuturnamente, mergulhados em uma cultura de segurança organizacional para evitar acidentes.
[i] Disponível em: https://www.reporterhoje.com.br/2017/08/24/em-nota-astramab-lamenta-acidente-envolvendo-a-embarcacao-cavalo-marinho-i/ Acesso em: 14/08/2020